Pages

sexta-feira, 10 de março de 2023

2

 meu olho está viciado

em olhar só para fora

só ver carne só ver pólvora

tudo turvo e enviesado

 

eu que me olho com repulsa

aparando o quanto dá de minh’alma

vestindo menos roupa e mais trauma

meu olhar quando abre pulsa

 

curvado para baixo e adoentado

só preserva luz se for de fósforo

o clarão no escuro nunca é próspero

porque até a faísca tem som abafado

 

eu inteiro todo rabiscado

desejo que morra até olhar para dentro

eu vivendo pelo meu próprio centro

agarrado por mim mesmo abraçado 

Nenhum comentário:

Postar um comentário